Sempre que nos sentimos injustiçados, que mergulhamos em ofensa, ressentimento e desejo de revide, se não lutamos contra essas perturbações do sentimento invigilante, negamos a fé em Deus.
Isso mesmo! Dizer-se injustiçado é negar a fé em Deus. Ora, como Deus poderia ser a bondade, a justiça e a sabedoria infinitas permitindo que passássemos por verdadeiras injustiças?
O esquecimento temporário do passado não significa que o passado não tenha existido. Lembremo-nos disso sempre que sofrermos uma “injustiça” cuja causa não podemos encontrar na vida atual.
Todas as dores e decepções da vida são provas ou expiações de dívidas (atuais ou pretéritas).
Dizemo-nos cristãos, alegamos compreender a pluralidade das existências, bem como o resgate de faltas passadas; mas, geralmente, na vida prática ainda não agimos com a mesma fé que dizemos possuir. Jesus morreu orando pelos que o matavam.
E como podemos nos alegar cristãos, se nem ao menos fazemos esforços para desejar o bem a quem nos faz um mal pequeno?
Não respeitamos as opiniões dos outros, mas fazemos o oposto. Feito bombas de pavio muito curto, basta-nos um ponto de vista diferente do nosso para nos sentirmos ofendidos, afrontados mesmo, e logo explodimos em injúrias.
Ah, como faltamos com a caridade moral!
Maldizer, maltratar, malquerer um irmão que nos fere o orgulho é tornar-se igual ou pior do que ele.
Se, face a uma contrariedade qualquer não recuamos à idéia de responder com calúnias, faltamos ao dever de amor ao próximo, que é condição fundamental para merecermos a clemência do Pai.
Se fôssemos bons como pensamos ser, não estaríamos num mundo de expiação e provas, que tem no sofrimento a sua principal ferramenta de progresso moral.
O orgulho perdeu o homem na Terra, disse o Cristo. O orgulho nos faz pensar que somos bons; mas é o orgulho-ferido que revela quem nós somos.
Pensemos nisso!
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