pombo

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Senhor Jesus





Não nos retires dos ombros o fardo das responsabilidades com o qual nos ensina a praticar entendimento e cooperação, mas auxilia-nos a transportá-lo, sob os teus desígnios.

Não nos afastes dos obstáculos com que nos impeles à aquisição da confiança e as dimensões da fé, no entanto, ampara-nos Senhor, para que possamos transpô-los.

Não nos desligues dos problemas com que nos impulsionas para o caminho da elevação das nossas próprias experiências, contudo, dá-nos a tua bênção, a fim de que venhamos a resolvê-los com segurança.

Não nos deixes sem o convívio com os irmãos irritadiços ou infelizes, que se nos fazem enigmas no cotidiano, junto dos quais nos convidas ao aprendizado da serenidade e da paciência, mas protege-nos os corações e ilumina-nos a estrada de modo a que nos transformemos para todos eles em refúgio de apoio e socorro de amor.

Enfim, Senhor, dá-nos, a cada dia, o privilégio de servir, entretanto, infunde em nossas almas o poder da compreensão e da tolerância, do devotamento e da caridade para que possamos estar contigo, tanto quanto permaneces conosco, hoje e sempre.

Assim seja.


Livro: Estradas e Destinos 
– Médium: Chico Xavier.


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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Que Jesus Cristo Significa ?






Quando aceitamos a ajuda de Jesus Cristo, podemos sentir paz nesta vida e voltar à presença do Pai Celestial após a nossa morte.

Deus é nosso Pai Celestial e, como qualquer pai, Ele deseja que nós, Seus filhos, sejamos felizes.

Nas escrituras, Ele ensina: “ Minha obra e minha glória [é] levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem” (Moisés 1:39).

Vida eterna significa viver no céu, em Sua presença (...).

Deus nos dá mandamentos que nos ensinam o que é certo e o que é errado e traça um mapa que nos trará a felicidade maior para passarmos por esta vida.

O Salvador ensinou: “Se me amais, guardai os meus mandamentos” (João 14:15 ). Mas as escrituras também ensinam que “nada que é impuro pode habitar com Deus” (1 Néfi 10:21).

Por mais que tentemos viver vidas justas, todos pecamos, então como poderemos viver no perfeito reino de Deus se somos imperfeitos?

Deus enviou Jesus Cristo à Terra para oferecer-nos uma forma de sobrepujar nossos pecados e nossas imperfeições.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3:16–17).


Shirley

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Oração A Migalha






Senhor!

Quando alguém estiver em oração, referindo-se à caridade, faze que este alguém me recorde, para que eu consiga igualmente ajudar em teu nome.

Quantas criaturas me fitam indiferentes, e quantas me abandonam por lixo imprestável!...

Dizem que sou moeda insignificante, sem utilidade para ninguém; contudo, desejo transformar-me na gota de remédio para a criança doente.

Atiram-me à distância, quando surjo na forma do pedaço de pão que sobra à mesa; no entanto, aspiro a fazer, ainda, a alegria dos que choram de fome.

Muita gente considera que sou trapo velho para o esfregão, mas anseio agasalhar os que atravessam a noite, de pele ao vento...

Outros alegam que sou resto de prato para a calha do esgoto, mas, encontrando mãos fraternas que me auxiliem, posso converter-me na sopa generosa, para alimento e consolo dos que jazem sozinhos, no catre do infortúnio, refletindo na morte.

Afirmam que sou apenas migalha e, por isso, me desprezam... Talvez não saibam que, certa vez, quando quiseste falar em amor, narraste a história de uma dracma perdida e, reportando-te ao reino de Deus, tomaste uma semente de mostarda por base de teus ensinos.

Faze, Senhor, que os homens me aproveitem nas obras do bem eterno!... E, para que me compreendam a capacidade de trabalhar, dize-lhes que, um dia, estivemos juntos, em Jerusalém, no Templo de Salomão, entre a riqueza dos poderosos e as joias faiscantes do santuário, e conta-lhes que me viste e me abençoaste, nos dedos mirrados de pobre viúva, na feição de um vintém.


Médium: Chico Xavier
– Espírito: Meimei


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domingo, 21 de novembro de 2010

Prece Do Coração.






Deus; guia-me por entre as trevas.

Ilumina meu caminho.

Dá-me forças para caminhar pelo estreito caminho da salvação.

Orienta-me para não me julgar nem pior nem melhor que ninguém.

Que nenhuma injustiça me faça injusto.

Que as ingratidões não me tornem ingrato.

Que nenhuma maldade que eu venha receber me faça mal.

Que eu possa, meu Deus, preferir receber todas as injustiças e maldades a fazer uma só.

Ajuda-me a servir, mesmo nos pequenos atos, e auxilia-me a vencer o egoísmo de querer ser servido.

Ó meu Deus! Que eu seja feliz servindo com amor, sem, contudo, esquecer de fazer a felicidade de outros.

Faze de minha vida um luminoso reflexo de sua luz!

Obrigado meu Deus!


Do livro Mistério do sobrado
- Antônio Carlos



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Tu És A Verdade Jesus






Tanta coisa em minha vida eu conheci
E com a vida tanta coisa eu aprendi
Hoje eu sei mais do que antes
E eu creio em tudo o que vem de ti
Te creio, te peço, Jesus
Te falo nas preces, Jesus
Te apresses, não tardes, Jesus
Tu és verdade, Jesus

Vou seguindo o meu caminho sem parar
Mas eu paro muitas vezes pra pensar
E pensando no que um dia você disse
Continuo a caminhar

Te creio, te peço, Jesus
Te falo nas preces, Jesus
Te apresses, não tardes, Jesus
Tu és verdade, Jesus

Te creio, te peço, Jesus
Te falo nas preces, Jesus
Te apresses, não tardes, Jesus
Tu és verdade, Jesus

Tanto amor eu trago no meu coração
E os meus passos caminhando em frente vão
Sei que tenho que seguir
E eu estou seguindo
Segurando a sua mão

Te creio, te peço, Jesus
Te falo nas preces, Jesus
Te apresses, não tardes, Jesus
Tu és verdade, Jesus

Te creio, te peço, Jesus
Te falo nas preces, Jesus
Te apresses, não tardes, Jesus
Tu és verdade, Jesus


Roberto Carlos - Tu És A Verdade Jesus
https://www.youtube.com/watch?v=gPep0Q_cTbw



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domingo, 14 de novembro de 2010

Prece De Todo o Dia






Senhor, concede-me a consciência dos meus muitos erros.

Não me consintas viver iludido a meu próprio respeito.

Que eu tenha suficiente lucidez para saber quem sou.

Que eu consiga, mais que outros, detectar as fragilidades que me são comuns.

Dá-me a Tua força para que eu possa superar-me, a Tua luz para não caminhar nas trevas, a Tua paz na luta que me aflige.

Que eu seja sempre sincero em meus propósitos e humilde em minhas atitudes, verdadeiro em minhas palavras e fiel aos meus compromissos.

Senhor, não me deixes entregue à invigilância e ao assédio do mal.

Sê meu abrigo e a minha inspiração!...

Assim seja.


Carlos A. Baccelli, por Irmão José
- Livro: Vigiai e Orai



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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Preparemos o caminho do Senhor com humildade






Tudo começou a partir do Batismo de Jesus. Entendemos, dessa forma, que o Senhor só começou Seu ministério após ser batizado, mostrando, assim, a importância de sermos batizados e de batizarmos, como fizeram João Batista e, posteriormente, os discípulos de Jesus, batizando os adultos que se arrependiam de seus pecados.

Mas você pode se perguntar: “Por que Jesus foi batizado se Ele não tinha pecado?”. João também questionou isso e Jesus lhe respondeu: “… deixa por agora, porque assim convém cumprir toda a justiça…” (Mt 3,15).

Creio que, ali, o Senhor não deixou margem alguma para alguém argumentar que não se batizaria, porque o Cristo também não havia sido batizado.

No dia seguinte, após o batismo de Jesus, estavam João Batista e dois dos discípulos vendo o Mestre passar. João, então, disse a eles: “Eis o Cordeiro de Deus!” (Jo 1,36).

O Evangelho de João realça a íntima relação entre os ministérios de João Batista e de Jesus.

Após ser batizado por João, Jesus reúne Seus primeiros discípulos: André, Pedro, Filipe e Natanael, dentre os discípulos de João Batista. Com eles, segundo este Evangelho, Jesus inicia Seu ministério na região da Judeia.

Os discípulos do Batista vêm a ele comunicar este fato. João reconhece a graça presente em Jesus e dá testemunho da Sua autenticidade. Ele tem consciência de que veio para preparar o caminho do Senhor, e não para se constituir um obstáculo.

André – um dos dois que estavam com João Batista – chama agora Simão, seu irmão, e lhe diz ter encontrado o Messias.

Como fez João Batista devemos sempre apresentar Jesus àqueles que ainda não O conhecem, pois os dois discípulos esperavam por aquele momento e, logo, seguiram o Mestre.

Quantos estão nesta situação, apenas esperando-nos apresentar-lhes Jesus?

Eles queriam conhecer melhor o Senhor, saber onde Ele morava. Temos de ter essa sede de conhecê-Lo, pois a Palavra nos diz: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Os 6,3). Jesus os aceitou e nos aceita também. Foi Ele quem nos escolheu e não nós a Ele.

Jesus chamou Simão pelo nome, testificando o poder que havia n’Ele. Cristo também conhece a você pelo nome. Ele mudou o nome de Simão para Pedro, mas, ainda que Ele não mude o seu nome, Ele faz de você uma nova criatura.

Aliás, o autêntico missionário é aquele que, com humildade, prepara o caminho e, depois, alegra-se ao perceber a ação de Deus na comunidade pelos carismas ali manifestados pelas iniciativas de seus membros.


Padre Bantu Mendonça
http://blog.cancaonova.com/homilia/2013/01/12/



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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

“Se não virdes sinais e milagres”






Os galileus que voltaram da páscoa levaram a notícia das maravilhosas obras de Jesus. A maneira por que os dignitários em Jerusalém Lhe haviam julgado a ação, abria-Lhe caminho para a Galiléia.

Muitos dentre o povo lamentavam os abusos no templo, e a ambição e arrogância dos sacerdotes.

Esperavam que esse homem, que fizera fugir os principais, houvesse de ser o esperado Libertador. E agora chegavam notícias que pareciam confirmar suas esperanças. Contava-se que o profeta Se havia declarado o Messias.

O povo de Nazaré, no entanto, não cria nEle. Por isso Jesus não visitou Nazaré em Sua passagem para Caná. O Salvador declarara aos discípulos que um profeta não tem honra na sua própria terra. Os homens estimam o caráter segundo aquilo que eles próprios são capazes de apreciar.

Os de espírito estreito e mundano julgavam a Cristo por Seu humilde nascimento, Seu traje modesto e o meio de vida em que labutara. Não eram capazes de apreciar a pureza daquele espírito isento de qualquer mancha de pecado.

As novas da volta de Jesus a Caná divulgaram-se em breve por toda a Galiléia, levando esperança aos aflitos e sofredores. Em Cafarnaum, as notícias atraíram a atenção de um nobre judeu, oficial ao serviço do rei. Um filho desse nobre estava sofrendo de moléstia aparentemente incurável.

Os médicos o haviam desenganado; ao ouvir o pai falar de Jesus, porém, decidiu rogar-Lhe auxílio. 

A criança estava muito mal e, temia-se não viveria até seu regresso; mas o nobre achou que devia ir pessoalmente apresentar sua petição. Esperava que a súplica de um pai havia de despertar a compaixão do grande Médico.

Chegando a Caná, encontrou grande multidão rodeando a Jesus. Coração ansioso, procurou abrir caminho até à presença do Salvador.

Ao ver apenas um homem simplesmente vestido, poento e exausto da viagem, vacilou-lhe a fé.

Duvidou que esse Homem pudesse realizar o que viera pedir-Lhe; obteve, no entanto, uma entrevista com Jesus, expôs-Lhe o objetivo de sua presença, e rogou ao Salvador que O acompanhasse a casa.

Mas Jesus já conhecia essa dor. Antes que o nobre houvesse partido de casa, vira-lhe o Salvador a aflição.

Sabia, também, que o pai estabelecera, em seu espírito, condições quanto a crer em Jesus. A menos que sua petição fosse atendida, não O havia de aceitar como o Messias.

Enquanto o oficial esperava, nessa agonia de quem se acha suspenso, Jesus disse: “Se não virdes sinais e milagres, não crereis” João 4:48.

Não obstante todas as provas de que Jesus era o Cristo, o suplicante decidira fazer do deferimento de seu pedido uma condição para nEle crer.

O Salvador comparava essa incredulidade com a fé singela dos samaritanos, que não haviam solicitado qualquer milagre, sinal nenhum.

Sua palavra, o sempre presente testemunho de Sua divindade, tinha convincente poder, que lhes tocara o coração. 

Jesus doía-Se de que Seu próprio povo, a quem haviam sido confiados os sagrados oráculos, deixasse de ouvir a voz de Deus a falar-lhes por intermédio de Seu Filho.

No entanto, o nobre possuía certo grau de fé; pois viera pedir aquilo que se lhe afigurava a mais preciosa de todas as bênçãos. Jesus tinha um dom ainda maior para conceder.

Desejava, não somente curar a criança, mas tornar o nobre e sua casa participantes das bênçãos da salvação, e acender uma luz em Cafarnaum, que se devia tornar em breve o cenário de Seus próprios labores.

O nobre devia compreender primeiro, no entanto, sua própria necessidade, para que pudesse desejar a graça de Cristo. Esse nobre representava muitos de sua própria nação. Interessavam-se em Jesus por motivos egoístas.

Esperavam receber por meio de Seu poder qualquer benefício particular e faziam depender sua fé da obtenção desse favor temporal; ignoravam, porém, sua enfermidade espiritual, e não viam a necessidade que tinham da graça divina.

Como um jato de luz, as palavras do Salvador ao nobre lhe desnudaram o próprio coração. Viu que seus motivos em buscar a Jesus eram egoístas.

Sua vacilante fé apareceu-lhe em seu verdadeiro caráter. Em profunda aflição, compreendeu que sua incredulidade poderia custar a vida do filho.

Conheceu que estava em presença dAquele que lia os pensamentos, e a quem tudo era possível. Em angustiosa súplica, clamou: “Senhor, desce antes que meu filho morra!” João 4:49.

Sua fé apoderou-se de Cristo, como a de Jacó, quando, lutando com o anjo, exclamara: “Não Te deixarei ir, se me não abençoares” Gênesis 32:26.

Como Jacó, prevaleceu. O Salvador não pode recusar o pedido de uma pessoa que a Ele se apega, alegando sua grande necessidade. “Vai”, disse: “o teu filho vive” João 4:50.

O nobre deixou a presença do Salvador com uma paz e alegria que nunca antes experimentara. Não somente crera que seu filho seria restabelecido, mas com firme confiança esperou em Cristo como o Redentor.

Na mesma hora os que velavam a criança moribunda, no lar de Cafarnaum, notaram uma súbita e misteriosa mudança. Erguera-se do semblante do doentinho a sombra da morte.

O rubor da febre cedera lugar ao suave brilho da saúde que voltava. Os mortiços olhos iluminaram-se de inteligência, e as forças voltaram ao débil e emagrecido organismo. Nenhum vestígio da moléstia permaneceu na criança.

A carne ardente de febre tornara-se tenra e fresca, imergindo o pequeno em sono tranqüilo. A febre o deixara mesmo durante o calor do dia. A família pasmou, e grande foi o regozijo.

Caná não distava muito de Cafarnaum, de modo que o oficial poderia haver chegado a casa na tarde do dia em que estivera com Jesus; mas não se apressou na jornada de regresso. Só na manhã seguinte chegou a Cafarnaum.

Que chegada, aquela! Ao partir em busca de Jesus, tinha o coração opresso de dor. O brilho do Sol afigurava-se-lhe cruel, uma ironia o cântico dos pássaros. Agora, quão diversos eram os seus sentimentos!

Dir-se-ia que toda a natureza se revestira de novo aspecto. Novos são os olhos com que contempla o que o rodeia. Enquanto, no sossego das horas matinais, prosseguia em sua jornada, afigurava-se-lhe que toda a natureza o acompanhava num louvor a Deus.

Estando ainda a alguma distância de casa, servos lhe saíram ao encontro, ansiosos de lhe sossegar a alma que acreditavam suspensa.

Nenhuma surpresa mostra, entretanto, em face das novas que lhe trazem, mas, com profundeza de interesse que não podem compreender indaga a que horas a criança melhorara.

Respondem: “Ontem à sétima hora a febre o deixou.” Na mesma hora em que a fé se apegara à afirmação: “Teu filho vive”, o divino amor tocara a moribunda criança.

O pai corre pressuroso a saudar o filho João 4:52, 51. Aperta-o de encontro ao coração, como a alguém arrebatado à morte, e dá repentinamente graças a Deus por essa maravilhosa restauração.

O nobre desejava conhecer mais de Cristo. Ao ouvir-Lhe posteriormente os ensinos, ele e todos os de sua casa se tornaram Seus discípulos. Sua dor foi santificada, para conversão de toda a família. Divulgaram-se as novas do milagre; e em Cafarnaum, onde tantas de Suas poderosas obras foram realizadas, foi preparado o caminho para o ministério pessoal de Cristo.

Aquele que abençoou o nobre de Cafarnaum está igualmente desejoso de nos abençoar a nós.

Como o aflito pai, no entanto, somos muitas vezes levados a buscar a Jesus pelo desejo de algum bem terrestre; e da obtenção de nossas petições fazemos depender nossa confiança em Seu amor.

O Salvador anela dar-nos maiores bênçãos do que Lhe pedimos; e retarda o deferimento de nossos pedidos, a fim de mostrar-nos o mal que existe em nosso coração, e nossa profunda necessidade de Sua graça.

Deseja que renunciemos ao egoísmo que nos leva a buscá-Lo. Confessando nosso desamparo e necessidade, cumpre-nos confiar-nos inteiramente a Seu amor.

O nobre queria ver atendida a sua oração antes de crer; teve, porém, de aceitar a palavra de Jesus, de que seu pedido era satisfeito, e a bênção concedida.

Cumpre-nos também a nós aprender esta lição. Não porque vejamos ou sintamos que Deus nos ouve, devemos nós crer. Temos de Lhe confiar nas promessas.

Quando a Ele nos chegamos com fé, toda súplica penetra o coração de Deus. Tendo pedido Suas bênçãos, devemos crer que as recebemos, e dar-Lhe graças porque as temos recebido. Então, vamos ao cumprimento de nossos deveres, certos de que a bênção terá lugar quando mais dela necessitarmos.

Quando houvermos aprendido a assim fazer, saberemos que nossas orações são atendidas. Deus fará por nós “muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos”, “segundo as riquezas da Sua glória” (Efésios 3:20, 16) e “segundo a operação da força do Seu poder” Efésios 1:19.


Ellen G.White, 
O Desejado de Todas as Nações, 
Capítulo 20.

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

OS INSTRUMENTOS DA PERFEIÇÃO






Naquela noite, Simão Pedro trazia à conversação o espírito ralado por extremo desgosto. Agastara-se com parentes descriteriosos e rudes.

Velho tio acusara-o de dilapidador dos bens da família e um primo ameaçara esbofeteá-lo na via pública. Guardava, por isso, o semblante carregado e austero.

Quando o Mestre leu algumas frases dos Sagrados Escritos, o pescador desabafou. Descreveu o conflito com a parentela e Jesus o ouviu em silêncio. Ao término do longo relatório afetivo, indagou o Senhor:

— E que fizeste, Simão, ante as arremetidas dos familiares incompreensivos?

— Sem dúvida, reagi como devia! — respondeu o apóstolo, veemente. — Coloquei cada um no lugar próprio. Anunciei, sem rebuços, as más qualidades de que são portadores. Provei, perante numerosa assistência, que ambos são hipócritas, e não me arrependi do que fiz.

O Mestre refletiu por minutos longos e falou, compassivo:

— Pedro, que faz um carpinteiro na construção de uma casa?

— Naturalmente, trabalha — redarguiu o interpelado, irritadiço.

— Com quê? — tornou o Amigo Celeste, bem-humorado.

— Usando ferramentas.

Após a resposta breve de Simão, o Cristo continuou:

— As pessoas com as quais nascemos e vivemos na Terra são os primeiros e mais importantes instrumentos que recebemos do Pai, para a edificação do Reino do Céu em nós mesmos.

O Pai nos concede os problemas da vida, de acordo com a nossa capacidade de lhes dar solução.

Ao homem foram concedidas tarefas de amor e humildade na ação inteligente e constante para o bem comum, a fim de que a paz e a felicidade não sejam mitos na Terra.

Em todas as ocasiões, o ignorante representa para nós um campo de benemerência espiritual; o mau é desafio que nos põe a bondade à prova; o ingrato é um meio de exercitarmos o perdão; o doente é uma lição à nossa capacidade de socorrer.

Aquele que bem se conduz, em nome do Pai, junto de familiares endurecidos ou indiferentes, prepara-se com rapidez para a glória do serviço à Humanidade, porque, se a paciência aprimora a vida, o tempo tudo transforma.

Talvez porque Pedro tivesse ainda os olhos indagadores, acrescentou Jesus, serenamente:

— Se não ajudamos ao necessitado de perto, como auxiliaremos os aflitos, de longe? Se não amamos o irmão que respira conosco os mesmos ares, como nos consagraremos ao Pai que se encontra no Céu?

Depois destas perguntas, pairou na modesta sala de Cafarnaum expressivo silêncio que ninguém ousou interromper.


(Do livro “Jesus no Lar”, 
Chico Xavier / Emmanuel)


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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Jesus - A primeira cura, em Cafarnaum, e sua repercussão






... Em Cafarnaum, uma agradável cidade junto ao mar da Galileia. A princípio, pensei em juntar-me a antigos conhecidos, mas senti intuitivamente que isso não seria o correto a fazer. De modo que durante todo o caminho, e ao entrar na cidade, pedi orientação e ajuda ao "Pai" para encontrar acomodações. Eu não tinha dinheiro e não pediria esmola.

Ao caminhar pela rua, uma mulher de meia-idade veio em minha direção. Ela carregava pesados cestos e seu rosto estava triste. Parecia ter chorado. Num impulso abordei-a perguntando onde poderia encontrar alojamento. Ela disse brevemente que normalmente me ofereceria uma cama, mas que estava com seu filho muito doente em casa. Também disse que tinha ido comprar algumas provisões para alimentar os "consoladores" que haviam se reunido para chorar a morte iminente de seu filho. Meu coração se afligiu por ela, mas também se alegrou. Prontamente tinha sido dirigido para alguém que eu poderia ajudar.

Expressei minha simpatia e ofereci-me para carregar suas cestas até a casa. Ela me olhou por um momento, perguntando-se quem eu poderia ser, mas aparentemente ficou satisfeita com minha aparência e conduta. No caminho, disse-lhe que talvez eu pudesse ajudar seu filho.

- Você é médico? - perguntou-me.

Respondi que não havia recebido formação médica, mas que poderia ajudá-lo. Ao chegar em sua casa - de pedra, grande e bem construída, o que indicava boa situação social e prosperidade - levou-me até seu marido dizendo: "Este homem diz que pode ajudar nosso filho." Melancólico, o homem inclinou a cabeça e não disse nada. A mulher, que se chamava Miriam, afastou-me dizendo que ele estava aflito e muito zangado.

- O rapaz é nosso único filho entre muitas filhas e ele culpa Deus pela doença do garoto. Miriam começou a chorar. Se ele fala assim contra Deus, que outros problemas cairão sobre nós? - perguntou-me.

- Tranquilize-se - disse-lhe. Logo verá que seu filho ficará bem novamente.

Ela olhou-me com dúvidas, mas levou-me até o quarto onde o rapaz estava. Fazia calor e o ambiente estava sufocante, cheio de gente, bem intencionada e triste, conversando. Pedi à mãe para esvaziar o quarto, mas os visitantes resistiram. Eles queriam ver o que aconteceria e somente saíram do quarto contrariados quando Miriam chamou seu marido para falar com eles. Podia escutá-los discutindo com o pai no quarto ao lado.

O que este homem achava que poderia fazer, se o médico já havia declarado ser incapaz de ajudar o rapaz? O pai veio até o quarto para ver por si mesmo.

Seu filho estava mortalmente pálido, com muita febre. A mãe explicou que ele não podia engolir a comida e que estava com o intestino solto. Ele havia estado assim por vários dias e tinha perdido muito peso. O médico disse que nada mais poderia ser feito. Ele provavelmente morreria.

Coloquei as mãos sobre a cabeça do rapaz e rezei sabendo, e silenciosamente dando graças com todo o coração, que o "Pai" VIDA fluiria pelas minhas mãos para dentro de seu corpo. Desta forma o trabalho de cura se realizaria. Senti um calor extremo e um formigamento em minhas mãos e o Poder vertendo para seu frágil corpo. Fui inundado por uma alegre gratidão. Como era grandioso e maravilhoso o "Pai Vida", quando liberado para fazer o seu trabalho natural de cura!

Sua mãe e seu pai, olhando ansiosos para ver o que aconteceria a seguir, seguravam a mão um do outro e observavam com muita atenção.

Quando eles viram a cor do seu filho mudar, do branco para um rubor mais sadio, exclamaram com espanto e alegria. Depois de algum tempo, o rapaz levantou seu olhar para mim, dizendo claramente:

- Agradeço, estou bem melhor agora. Estou faminto e quero algo para comer!

Sua mãe riu de felicidade e o abraçou apertado, mas estava um pouco apreensiva.

- Não posso dar comida a você, filho meu. O médico ficaria zangado.

Ela havia sido avisada para não dar comida a ele, somente água. Eu sorri e disse:

- Ele está curado. Pode dar pão e vinho a ele, que não fará mal!

Seu pai, Zedekias, estava maravilhado de alegria e gratidão. Depois de abraçar o seu amado filho, voltou-se para mim e apertou minhas mãos calorosamente. Ficou dando tapinhas em meus ombros enquanto balançava sua cabeça, incapaz de falar devido às lágrimas que escorriam por sua face. Quando ele finalmente se recompôs, entrou no salão e falou às pessoas que lá estavam:

- Meu filho, quase morto, recuperou a plenitude da vida novamente!

Suas palavras foram recebidas com gritos de alegria, entusiasmo, incredulidade, questionamentos, risadas e felicitações. A mãe do rapaz ficou parada, com um sorriso estampado na face.

Depois disso, não foi mais necessário buscar por acomodações. Quando Zedekias disse aos atônitos "consoladores" que o garoto estava curado e o próprio jovem apareceu na porta sorrindo e pedindo novamente por comida, todos os "consoladores" rodearam-me e convidaram-me às suas casas. No entanto, preferi ficar com o pai do garoto, que agora dizia estar cheio de perguntas a fazer-me. Ele esperava que eu pudesse respondê-las.

Depois de colocar o vinho e a comida sobre a mesa, todos foram convidados a comer até saciarem-se. Zedekias sentou-se e formulou sua primeira pergunta. Ele disse:

- Você fez algo que nenhum sacerdote ou médico poderia fazer. A cura vem somente de Deus. Embora seja um desconhecido, percebo que você deve vir de Deus.

- Sim, respondi. E as pessoas murmuraram assombradas.

- Esta doença que veio ao meu filho era um castigo por algo que eu tenha feito de errado no passado? E como eu poderia cometer um pecado tão grave que Deus quereria levar meu único filho?

Muitas das pessoas que escutaram estas palavras acenaram com a cabeça.

- Você fez a pergunta que mais quero responder, Zedekias. Deus nos dá a VIDA e a existência do ser. Ele não iria arrancá-la de nós como um homem arrancaria um tesouro de outro só porque está zangado com ele. Esta é a maneira como a humanidade se comporta, não Deus. E Deus não está sentado em um trono em algum lugar do céu, como fazem os reis humanos que se sentam em seus tronos e governam o seu povo. Esta é a maneira humana de proceder, uma crença humana - não a verdade. A maneira de proceder de Deus vai muito além do que a mente humana pode conceber ou sonhar. Somente eu "vi" "Aquele que nos trouxe a existência" e sei que ELE não é o tipo de "Deus" que os Rabinos ensinam. Vi que ELE é o "Perfeito Amor", e por esta razão eu prefiro falar do "Pai", pois eu vi que Ele trabalha dentro de cada ser vivo, mantendo-o num bom estado de saúde assim como um pai humano trabalha para manter seus filhos bem alimentados, vestidos e protegidos dentro do abrigo de um lar. Eu O "vi" dentro de todas as coisas do mundo.

- Como pode ser isso? - perguntou um homem duvidando.

- Não é possível para um "ser" individual, de qualquer tipo, estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas o ar está em todo lugar ainda que não se possa ver. No entanto, sabemos - sem dúvida alguma - que ele é muito real e muito importante para nossa existência. Se o ar não existisse e não pudéssemos respirá-lo, morreríamos. Não podemos ver o movimento do ar que chamamos de vento, mas vemos que ele agita as folhas e conduz as nuvens no céu. Por isso sabemos que o ar está acima de nós, ao nosso redor e que é forte. E agora pergunto: qual é a parte mais real e mais valiosa do homem - seu corpo ou sua mente?

Alguns respondiam que era o seu corpo, caso contrário não teriam lugar na terra, não poderiam trabalhar, não poderiam ser vistos, não seriam conhecidos. Outros diziam que sua mente era mais importante do que seu corpo.

Ao que eu respondi:

- A mente é a parte mais importante do homem, uma vez que sem sua mente ele não teria o comando do seu corpo. Ele não poderia comer, beber, dormir, mover-se, planejar, não poderia viver. Contudo, não podemos ver a mente. Simplesmente sabemos que temos uma mente por causa dos pensamentos que ela produz e porque os pensamentos elaboram algum tipo de ação em nossas vidas. Acreditamos que a mente funciona por meio do cérebro. Sim, é assim que funciona! Senão como poderia o cérebro, que nasceu da carne, produzir pensamentos, sentimentos, ideias e planos? Agora deve estar ficando claro para vocês que é assim que o "Pai" está presente em todas as coisas; "Ele" é a mente que dirige a "mente" humana, fazendo Seu grande trabalho dentro de cada ser vivo. Sabemos que é assim, porque vemos as maravilhas da sua obra. Vemos o crescimento das crianças, vemos o alimento que comem ser milagrosamente convertido em outra substância que os nutre e os faz crescer. Como isso acontece não sabemos, nem sequer podemos imaginar. Mesmo que soubéssemos, ainda assim continuaríamos sem saber o que acionou tão importante processo de vida dentro dos corpos vivos de cada espécie. Vejam de que forma tão maravilhosa os corpos de cada espécie são formados e criados propositalmente, de forma expressa para transformar o tipo de alimento que se come em energia para nutrir ossos, sangue e carne.

- Agora que nos mostrou todas estas coisas, podemos ver que elas são realmente maravilhosas! - exclamou um jovem.

- Elas são! Elas são! Vemos os jovens corpos passando por suas várias etapas de desenvolvimento e vemos suas mentes acompanhando o seu desenvolvimento físico até que começam a desejar encontrar um cônjuge para se tornarem pais. Logo, o grande trabalho da concepção é realizado e o crescimento da semente dentro do útero continua até que a criança chegue a seu desenvolvimento pleno. Pensem! ...

Quem determina este constante crescimento tão ordenado dentro da mulher?

De onde vêm os planos que regem o correto desenvolvimento da cabeça, do corpo e dos membros, os quais são invariáveis de uma mulher para outra e de uma espécie para outra?

Quem decide o momento exato em que o nascimento terá início - o meio físico pelo qual a criança deve ser trazida à luz, a provisão do leite para a criança?

Pensem! É a mãe? Não, não é a mãe. Ela é apenas a testemunha de tudo o que ocorre dentro dela desde o momento em que seu marido tenha estado com ela e plantado a sua semente para se juntar a dela. 

Deus faz todas estas coisas de longe?

Estes pensamentos chegam a cada homem e mulher para decidir quando estas coisas devem acontecer?

Não, todo este trabalho é realizado pelo "Poder Criativo da Mente", a "Vida Inteligente Amorosa" dentro de todos os seres vivos. Vemos o amor dos pais por seus filhos, sejam eles pássaros, animais ou homens. De onde vem este amor? Ele provém do "Poder Criativo da Mente" - o Perfeito Amor - do "Pai" que está em nós. É por causa do trabalho que o "Pai" faz com as plantas, árvores, pássaros, animais e com o próprio homem que hoje estamos aqui, vivos, respirando, comendo, dormindo, tendo filhos, envelhecendo e então morrendo para passar para um lugar mais feliz. Tudo isso é a obra do "Pai" que está ativa dentro de nós. Como podem negar a verdade de tudo o que disse a vocês nesta noite?

Hoje, viram um jovem agonizante que foi trazido de volta à plenitude da vida em pouco tempo - fui eu quem o curou? Não! Por mim mesmo não posso fazer nada. Foi a VIDA, que é o "Pai" ativo dentro de todas as coisas, que veio com toda a força para reparar um corpo doente e trazê-lo novamente de volta à plena saúde, porque acreditei que assim seria e não duvidei.

Houve suspiros de satisfação na sala. Nova luz, novo interesse, inclusive podia ver-se uma nova doçura em seus rostos.

- Por que então o homem sofre tão dolorosamente? - perguntou Miriam.

- Porque quando o homem é concebido, quando a VIDA toma forma dentro da semente, ELA se reveste da condição humana que O separa de qualquer outro indivíduo no mundo. Para fazê-LO único, uma figura isolada, não unida a nenhum outro, solitário, privado, SUA própria pessoa, ELE torna-se sujeito a - é controlado por dois impulsos poderosamente fortes em sua natureza terrena ...

o de ligar-se a todas as coisas que deseja muito

e o de rejeitar e afastar tudo aquilo que não quer.

Estes dois impulsos básicos do homem estão presentes em cada coisa que ele faz ao longo da vida e são inteiramente responsáveis pelos problemas que atrai para si. Embora o "Pai" esteja ativo no interior do homem, não há nada de humano NELE.

Portanto, o "Pai" nada retém, nada rejeita, nada condena, nem mesmo vê "a transgressão". Tudo aquilo que o homem faz e que chama de "pecado" é apenas deste mundo e só existe punição neste mundo - porque é uma "Lei da Existência Terrena". Como você sabe, que tudo o que você semear, mais tarde colherá. Pelo fato de extrair sua VIDA e sua MENTE do "Pai", o próprio homem é o criador dos seus pensamentos, palavras e ações. Seja o que for que ele pensa, diz, faz e acredita, retorna a êle da mesma forma, algum tempo depois. Não existe castigo que venha do "Pai" - quaisquer que sejam os males que assolarem a humanidade, estes são o completo resultado de suas próprias decisões.

As pessoas murmuravam que este era um ensinamento totalmente novo e que fazia mais sentido do que tudo o que havia sido ensinado a eles antes. Várias vozes me incitavam a contar mais.

- Eu digo a vocês: em mim vocês viram a VIDA ativa sob a forma de cura. Sigam-me e ouvirão sobre o CAMINHO que devem percorrer para encontrar a felicidade. Em minhas palavras encontrarão a VERDADE da Existência nunca antes revelada por nenhum outro homem. Tem se dito sobre o Messias que ele revelará os segredos que têm estado ocultos desde o começo da criação. Em verdade, digo que ouvirão estes segredos de mim. Se escutarem com cuidado, entenderem seu significado, praticarem sua verdade e apegarem-se às suas leis, serão transformados em novos homens e entrarão no Reino dos Céus.

As pessoas ficaram em silêncio por um momento e então houve um clamor de conversa animada, mas Zedekias levantou-se e disse que era hora da família descansar. Seu filho precisava dormir e sua esposa e filhas também estavam exaustas de tanto chorar. Ficou combinado que na manhã seguinte eu iria até o porto e as pessoas doentes seriam trazidas até mim. Desta forma, fui capaz de empreender minha missão e tudo foi rapidamente arranjado da melhor forma possível. Parecia que se eu não efetuasse as curas, não haveria interesse nem aceitação de tudo o que eu havia dito. As curas demonstravam a verdade de tudo o que eu havia ensinado e meus ensinamentos explicariam as razões pelas quais eu era capaz de trazer do "Pai", para eles, a cura.

Quando acordei na manhã seguinte, senti a felicidade viva em mim, com a expectativa das coisas maravilhosas que estavam por vir. Depois de tomar o desjejum, saí com Zedekias para o porto da cidade, com meu coração iluminado de amor por todos os que passavam por mim. Eu os cumprimentava calorosamente, dizendo a eles que tinha "boas-novas" para todos aqueles que quisessem escutá-las.

Quando chegamos ao dique, encontrei homens, mulheres e crianças sentados no chão, esperando por minha chegada. Alguns estenderam suas mãos, implorando. Pareciam muito mal. Outros haviam sido mutilados e muitos outros estavam cobertos de feridas. Meu coração ainda sofria por seu estado lastimável, mas agora também podia alegrar-me porque sabia que não era a "Vontade do Pai" que eles estivessem assim. Muito pelo contrário! O próprio "Pai" era toda a cura, toda a saúde e todo o bem-estar. Eu tinha provado isso na noite anterior e na minha casa. Estava exultante por ser capaz de demonstrar esta verdade maravilhosa para a multidão que agora se reunia em torno de mim.

Um rosto velho e triste chamou minha atenção - uma mulher magra, enrugada e curvada. Fui até ela e me ajoelhei ao seu lado, pondo minhas mãos sobre sua cabeça. Imediatamente senti o fluxo do "Poder do Pai" vibrando pelas minhas mãos em sua cabeça, até que seu corpo inteiro sacudiu com a Força Vital, energizando seus membros. As pessoas, ao verem isso, ficaram atônitas, perguntando o que eu poderia estar fazendo com ela, mas outros acalmaram suas objeções. Gradualmente seus membros começaram a soltar-se, a alongar-se e a endireitar-se; seu rosto tornou-se vivo pela alegria de voltar a sentir sua força. Ajudei-a a se levantar e então ficou de pé por si mesma com todo orgulho. Ela estava tão tomada pela felicidade que começou a chorar, depois riu e dançou, chamando as pessoas: "Louvado seja Deus" dizia ela, "Louvado seja Deus" e outros que ali estavam repetiam o refrão. Todos estavam profundamente comovidos com o que haviam visto.

A aglomeração de pessoas apertando-se contra mim foi tão grande que Zedekias ofereceu-se para controlá-la. De forma organizada e ajudado por outros dos espectadores ansiosos, dirigiu ordenadamente os doentes para mim, para que eu pudesse atendê-los, segundo suas necessidades mais profundas. No final, sentindo-me cansado, meu anfitrião convidou-me a voltar para casa e jantar. Despediu aqueles a quem eu não tinha sido capaz de curar por falta de tempo. Assegurou a eles que eu retornaria no dia seguinte.

Foi uma noite festiva - tanta coisa para falar - tanto para celebrar - tanto para ensinar - tanto para aprender - todos certamente reconheciam naquilo a "boa-nova". Eu sabia que havia sido aceito por muitos por dizer a verdade do que havia_visto_no_deserto. E assim continuou por muitos dias. As pessoas vinham de longe para ver-me. Zedekias e outros amigos seus me ajudaram a controlar a multidão para que eu pudesse curar e ensinar. O povo ouvia com prazer. Eles falavam entre si sobre o "Pai" e estavam ansiosos por aprender mais a respeito das "correntes_e_ataduras" que confinam as pessoas na miséria. A aglomeração de pessoas tornou-se tão grande que eu logo percebi que precisava achar meus próprios ajudantes em quem eu pudesse confiar para me auxiliar. Já era hora de Zedekias voltar a conduzir o seu negócio de couro, que ele vinha deixando de lado.

Fui embora para as montanhas para rezar a respeito da escolha dos "discípulos".


[CARTAS DE CRISTO - Carta 2]





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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A ENCARNAÇÃO DE JESUS CRISTO - SOBRE A ESFERA E O DOMÍNIO PARASIDÍACO






CAPÍTULO IV


Sobre a esfera e o domínio paradisíaco, mostrando como teria sido se o homem tivesse permanecido na inocência.


1. O demônio possui muitos argumentos, através dos quais procura desculpar-se, dizendo que Deus também o criou, embora sua forma angélica primitiva, sua fonte e sua imagem, sempre o revelam um mentiroso.

Ele faz o mesmo com o pobre homem caído: introduz nele, continuamente, o reino terrestre, com seu poder e faculdade, para que o homem tenha sempre um espelho diante de si e acuse à Deus de tê-lo criado terrestre e mal.

Mas ele deixa longe de vista o que há de melhor, o Paraíso, onde o homem foi criado, e também a onipotência de Deus, que o homem não vive só de pão, mas do poder e do Verbo de Deus, e que o Paraíso reinava com sua fonte sobre a terrenidade.

Ele mostra ao homem somente sua forma nua, carnal, miserável e pesada; mas a forma na inocência, quando Adão não sabia que estava nu, ele esconde-a, a fim de iludir o homem.


2. Isso se encontra totalmente oculto de nós, pobres filhos de Eva, e de fato o miserável terrestre não é digno de conhecer, ainda que este conhecimento seja bastante necessário a nossas mentes; é fundamental recorrer ao verdadeiro porteiro (aquele que possui a chave), suplicá-lo e nos entregarmos totalmente a ele, a fim de que queira nos abrir o portão do Paraíso, no centro interno de nossa imagem, para que a luz paradisíaca brilhe sobre nós, em nossas mentes e possamos, assim, nos tornarmos desejosos de habitar novamente com nosso Emanuel, segundo o interno e novo homem, no Paraíso; pois, sem esta abertura, nada compreendemos do Paraíso e de nossa imagem primitiva na inocência.


3. Mas, como Cristo, o Filho de Deus, nos gerou novamente quanto a forma paradisíaca, não devemos ser tão indolentes a ponto de confiar na ciência e na razão terrestre.

Não encontraremos o Paraíso e o Cristo (que deve tornar-se homem em nós, se quisermos ver a Deus) em nossa razão. Nela tudo é cego e morto.

Devemos abandonar a razão e penetrar a encarnação de Cristo; para tanto, devemos ser instruídos por Deus. Então, teremos poder para falar sobre Deus, sobre o Paraíso e sobre o Reino do Céu.

Na razão terrestre, que tem sua origem apenas nas estrelas, somos tolos diante de Deus, se tentarmos falar sobre o mistério de forma celeste, pois falamos de algo que não conhecemos e nunca vimos. Mas um filho conhece sua mãe.

Da mesma forma, todo aquele que nasceu novamente de Deus conhece sua mãe, não com os olhos terrestres, mas com os olhos divinos e com os olhos da mãe de quem nasceu.

Falamos com toda sinceridade ao leitor, a fim de que reflita sobre o que deve fazer, e com que espírito e compreensão iremos escrever.


4. A razão do mundo exterior insiste em afirmar que Deus criou o homem no domínio externo, na fonte das estrelas e dos quatro elementos.

Se assim fosse, teríamos sido criados na angústia e na morte, pois estas são as condições do céu astral; quando a razão atinge este céu astral, ela abandona a criatura da qual era líder.

Então, o domínio e o ser da criatura, sujeita ao céu exterior, morre; vemos, de fato, como decaímos e morremos quando o céu exterior, com os elementos nos abandona, a ponto de até mesmo uma criança no ventre estar velha o bastante para morrer; além do mais, freqüentemente perece quando ainda está sem vida, no Fiat do domínio exterior, no processo de crescimento do corpo, antes que o centrum naturae acenda o fogo da alma.

Sem dúvida, conhecemos a morte e a agonia através da queda de Adão (tão logo tornou-se terrestre), Adão morreu no Paraíso e tornou-se morto para o reino de Deus; portanto necessitávamos de regeneração, de outra forma não poderíamos ser revividos.


5. Deus realmente proibiu Adão de tocar o fruto terrestre, o qual era misto; além disso, realmente criou senão um homem, com propriedade feminina e masculina, com as duas tinturas, ou seja, a do fogo e a da luz no amor, trazendo-o de uma só vez ao Paraíso (sim, o homem foi criado no Paraíso); assim, não podemos admitir as conclusões da Razão que, em conseqüência da infecção do demônio, diz que o homem foi criado terrestre. Pois, o que quer que seja criado sozinho e isolado na vida ou fonte terrestre animal, tem um começo e um fim, não compreende a eternidade, já que dela não procede.

Ora, aquilo que não procede do Eterno é transitório, um mero espelho, onde a sabedoria eterna manteve a si mesma em imagem e semelhança.

Dela permanece ali senão uma sombra, sem vida ou ser; ela passa como um vento, que surge e se vai. Não foi por causa de tal criatura que o Verbo de Deus tornou-se homem; o Eterno não penetrou a natureza perecível por causa do que é transitório.

Nem tampouco penetrou o que é terrestre a ponto de fazer surgir e introduzir o terreno e perecível no poder da Majestade; mas por causa daquilo que surgiu do poder da Majestade, mas que tornou-se mal e terrestre, e que foi como que eclipsado na morte, para que possa ser vivificado, despertar novamente e surgir no poder da majestade, nas alturas onde se encontrava, antes de ser uma criatura.


6. Devemos compreender o homem de forma diferente do que temos feito até aqui, no que se refere ao homem como um animal.

De fato, ele tornou-se um animal, de acordo com a propriedade deste mundo; ao morrer em Adão, passou a viver para este mundo e não para Deus.

Mas se ele penetrasse com o espírito de sua vontade em Deus, a Vontade-Espírito obteria novamente a imagem pura e viveria de acordo com essa imagem em Deus e de acordo com a propriedade animal neste mundo.

Assim, ele estaria na morte, embora ainda estivesse vivo. Assim, o Verbo de Deus tornou-se homem, a fim de poder uni-lo novamente à Deus, para que possa nascer novamente, de forma completa, em Deus, e que o Paraíso possa ser perceptível nele.


7. Devemos considerar a imagem paradisíaca da seguinte forma: Sabemos e afirmamos que Adão foi criado bom, puro e sem vergonha, assim como Lúcifer, com suas hostes.

Ele possuía olhos puros e duplos. Pois possuía os dois reinos em si, ou seja, o reino de Deus e o reino deste mundo.

Como Deus é Senhor de tudo, também deveria o homem, no poder de Deus, ser o senhor deste mundo; do mesmo modo que Deus governa todas as coisas e passa através de todas as coisas, imperceptivelmente, o homem divino e oculto era capaz de passar e ver através de todas as coisas.

O homem externo encontrava-se, de fato, no externo, mas senhor do externo; este estava submetido a ele e não o restringia. Ele poderia, sem esforço, quebrar pedras.

A tintura da terra não estava distinta para ele; ele teria descoberto todas as maravilhas da terra.

Pois para este fim Adão havia sido criado, também na vida externa, para que pudesse manifestar em imagens e realizar obras que haviam sido vistas na sabedoria eterna; pois ele tinha a virgem Sabedoria em si.


8. Ouro, prata e metais preciosos, ao deixarem a magia celeste, também foram encerrados pela inflamação.

Temos aqui algo diferente da terra. O homem ama os metais preciosos e os emprega para seu sustento, mas não conhece seu fundamento e origem. Não é por nada que são amados pela mente; se refletirmos sobre eles, veremos que possuem uma origem elevada.

Mas não diremos nada sobre isto aqui, pois mesmo sem dizer nada o homem já os amam demasiadamente, e com isso abandonam o Espírito de Deus. Não se deve amar o corpo mais que ao espírito, pois o espírito é a vida.


9. Mas saibam que eles foram dados ao homem para seu divertimento e ornamento, o homem os tinha por direito da natureza, pertencem a ele, a saber, ao corpo externo, pois a tintura do corpo externo e a tintura metálica possuem um parentesco próximo.

Mas quando a tintura do corpo exterior foi corrompida pelo desejo mal do demônio, a tintura metálica também tornou-se oculta e hostil para a tintura humana, pois ela é mais pura que a tintura corrupta no homem exterior.


10. Que isto fique claro a vós, que buscam a tintura metálica: Se queres encontrar a lápis philosophorum, atenham-se ao novo nascimento em Cristo, ao contrário será difícil apreendê-la.

Pois ela possui considerável comunhão com a substancialidade celeste, o que seria notável caso fosse libertada da cólera feroz. Seu brilho indica algo que certamente reconheceríamos, se tivéssemos olhos paradisíacos.

O fundamento afetivo (das Gemüth) nos mostra isso, mas a compreensão e completa cognição encontram-se mortas quanto ao Paraíso.

Por usarmos o que é nobre para desonrar à Deus e para nossa própria perdição, e não louvarmos à Deus com isso, não penetramos com nosso espírito o Espírito de Deus, mas abandonamos o espírito e nos apegamos à substância; a tintura metálica tornou-se um mistério para nós, porque nós nos tornamos alienados à ela.


11. O homem foi criado para ser um Senhor da tintura, que foi sujeita à ele; mas ele tornou-se seu servo, e além do mais, alienado à ela.

Assim, ele busca somente o ouro e encontra a terra. Porque ele abandonou o espírito e penetrou a substancia; esta o tomou prisioneiro e o encerrou na morte.

Como a tintura da terra está encerrada na cólera, até o julgamento de Deus, também está o espírito do homem, encerrado na cólera, a menos que ele saia e nasça em Deus.

Pois o demônio desejou ser o príncipe soberano com sua cólera na Essencialidade celeste; portanto ela se fechou para ele, tomando a forma de terra e pedras, portanto ele não é um príncipe, mas um prisioneiro na cólera, e a essencialidade não o beneficia em nada.

Pois ele é espírito e desprezou a Essencialidade celeste, e inflamou a mãe natureza, que com isso tornou todas as coisas corpóreas; Deus juntou tudo isso num amalgama.

Mas a essencialidade poderia ser conhecida do homem. Ele tinha o poder para revelar a tintura e manifestar a pérola pura para sua alegria e satisfação, assim como para a honra e magnificência de Deus, caso tivesse permanecido na inocência.


12. Com relação ao comer e beber do homem, através dos quais ele deveria fornecer substância e alimento ao seu fogo, ocorria o seguinte: Ele tinha dois tipos de fogo dentro de si, o fogo da alma e o fogo exterior, do sol e das estrelas.

Ora, todo fogo tem que ter súlfur ou substância, ao contrário, não subsiste, ou seja, não queima. Com isso compreendemos que a natureza divina deveria ser o alimento do homem.

Pois, como já foi dito acima, o fogo da alma é alimentado com o amor, a brandura e a essencialidade de Deus, com tudo aquilo que o Verbo, como o centro divino, manifesta.

Pois a alma procede do fogo mágico eterno; conseqüentemente, a alma necessita de alimento mágico, ou seja, via imaginação.

Se a alma possui a imagem de Deus, imagina o amor de Deus, na essencialidade divina, e toma do alimento de Deus, do alimento dos anjos.

Mas se ela não possui a imagem de Deus, então se alimenta daquilo que sua imaginação penetra, ou seja, da fonte terrestre ou hostil.

Ela também cai nesta matriz, não como uma substância, mas fica repleta de substância, que começa a operar na alma, da mesma forma que um veneno na carne.


13. Conhecemos bem a alimentação do corpo exterior. Havia, de fato, o homem exterior, mas encontrava-se metade absorvido pelo homem interior.

O homem interior reinava completamente, como o fogo no ferro incandescente, e cada vida tomava seu alimento de sua propriedade.

A imagem de Deus, ou o espírito da alma alimentava-se da essencialidade divina e celeste, o corpo exterior alimentava-se do fruto paradisíaco na boca, não no estômago.

Pois como o corpo exterior encontrava-se meio absorvido pelo interior, o mesmo ocorria com o fruto do paraíso.

A essência divina brotava através da essência terrestre, tendo absorvido a essência terrestre no fruto paradisíaco, desta forma, o fruto não era conhecido como terrestre.

Conseqüentemente, o desabrochar através da cólera era chamado de Paraíso, já que o amor de Deus florescia na cólera e produzia frutos.


14. Isso nos leva a compreender melhor como é que Deus habita neste mundo, e o mundo está como que absorvido em Nele.

O mundo Nele é desprovido de poder, sendo Ele o todo poderoso. Assim era o homem e assim alimentava-se: sua alimentação terrestre era celeste.

Da mesma forma que devemos nascer novamente, o fruto paradisíaco nascia novamente da cólera, na essência celeste; como da terra amarga cresce uma erva boa e doce, a qual o sol qualifica de forma diferente daquela que a terra havia qualificado.

Desta forma o homem santo qualificava o fruto paradisíaco em sua boca, a fim de que a terrenidade fosse absorvida como um nada, e não tocasse o homem; sabemos que no final, a terra será absorvida, deixando de ser um corpo palpável.


15. Assim ocorria até mesmo com a alimentação externa do homem. Ele comia o fruto com sua boca, não necessitava de dentes para tanto, pois neste instante aparecia a separação do poder.

Havia dois centros de poder na boca de Adão, cada um tomava o que lhe cabia. O que era terrestre transformava-se em qualidade celeste, exatamente como devemos ser transformados em nosso corpo, a fim de adquirirmos um corpo de poder celeste.

A transformação na boca ocorria da mesma forma; o corpo recebia o poder, pois o reino de Deus encontrava-se no poder.

Com isso o homem continuava no reino de Deus, pois ele era imortal e um filho de Deus. Mas trazendo o seu alimento para o intestino, provocando tamanho mau cheiro como agora, pergunto à Razão se isto pode ser o paraíso, e se o espírito de Deus pode habitar ali; do mesmo modo que o Espírito de Deus deveria habitar em Adão, como na criatura de Deus.


16. Sua obra no paraíso, na terra, era pueril, mas com sabedoria celestial. Ele deveria plantar árvores e ervas, à vontade.

Ali crescia para ele o fruto paradisíaco, tudo era puro para ele. Ele fazia o que tinha vontade, e fazia corretamente.

Ele não tinha lei, senão aquela da imaginação e do desejo; estes ele deveria colocar, com seu espírito, em Deus; assim deveria permanecer eternamente.

Ainda que Deus tenha transformado a terra, mesmo assim o homem poderia ter permanecido sem a necessidade e a morte; tudo poderia ser transformado, por ele, em essência celeste.


17. O mesmo se aplica ao beber. O homem interior bebia a água da vida eterna, que vinha da natureza de Deus e o homem exterior bebia água na terra.

Mas como o sol e o ar absorvem a água sem serem preenchidos por ela, o mesmo ocorria na boca do homem: tal absorção dissolvia-se no mistério.

Tudo o que era terrestre tinha que, pela boca do homem, penetrar novamente aquilo que era antes da criação do mundo. O espírito e a virtude, portanto pertenciam ao homem, e não um corpo terrestre; pois Deus criou para ele de uma só vez um corpo, que era eterno.

Ele não necessitava de outro ato criador. Ele era um trono principesco (compreenda Adão), feito de céu, terra, estrelas e elementos, assim como da essência de Deus, um senhor do mundo e um filho de Deus.


18. Observem isso, vós Filósofos! Este é o verdadeiro fundamento e o alto conhecimento.

Não misture a ela nenhuma verborréia proveniente das escolas, ela é suficientemente clara. Palpites não ajudam em nada; somente o verdadeiro espírito, nascido de Deus, conhece isso bem.

Toda opinião sem conhecimento não passa de tolice terrestre, compreendendo a terra e os quatro elementos; mas o Espírito de Deus compreende um só elemento, onde quatro permanecem ocultos.

O quatro não deveria reinar em Adão, mas um sobre quatro; o elemento celeste sobre os quatro elementos deste mundo.

Assim precisamos voltar a ser, se pretendemos possuir o Paraíso; é por isso que Deus tornou-se homem.


19. Que isto lhe seja dito, competidores acadêmicos: vocês caminham em círculos e não conseguem entrar, como um gato, que teme o calor, caminha ao redor do caldo quente; assim são vocês, temerosos e envergonhados diante do fogo de Deus.

Tão pouco quanto o gato aproveita o caldo cheirando ao seu redor, pouco aproveita o homem do fruto paradisíaco, a menos que deixe a pele de Adão, solidificada pelo demônio, e penetre o novo nascimento de Cristo.

Ele deve penetrar o círculo, abandonar a pele da razão; então obterá a compreensão humana e o conhecimento divino; nenhum aprendizado terá valor, somente o nascimento.


Jacob Boehme

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