O mantra, a jaculatória, e o silêncio
O mantra ou a jaculatória é uma oração de prelúdio para o nosso encontro com Deus.
Quando cantado, ele emite vibrações e produz sons considerados sublimes, que convidam a nossa alma a se aproximar do Altíssimo.
É um caminho de sedução de amor e para o Amor, por isso, precisa ser feito com arte e com sintonia da alma e do espírito.
O Salmo 22:3 nos diz que o nosso Deus é santo, e para chegarmos a ele basta nos abrirmos ao caminho do louvor, pois “Ele habita entre os louvores de Israel”.
Aqui está o esconderijo do Senhor.
Portanto, o mantra, ou a jaculatória cantada, é uma oração de louvor que nos encaminha ao esconderijo do nosso Deus.
Já o Salmo 100:2 nos anima a servir ao Senhor com alegria, e a nos apresentarmos a Ele com cânticos. Esta é a confirmação da oração que agrada ao nosso Deus, e de como o caminho da entoação do mantra ou jaculatória nos indicam a direção de aproximação a Ele.
O mantra, ou a jaculatória como orações de prelúdio, auxiliam no processo de desprendimento das paixões, instintos e energias que imobilizam a nossa natureza carnal e nos impedem de adentrarmos nesse caminho para o Amor.
Por isso, ouve-se muito dizer que “nós não escolhemos um mantra, mas que ele nos escolhe”, como se ele por si só pudesse nos libertar desses aprisionamentos.
Mas, na verdade, não é bem assim. O mantra em si não é mais que uma canção. Para fazer sentido em nossas vidas e ser eficaz, ele é transformado em oração como um presente trazido pelo Espírito de Deus.
O Deus que conhece as nossas carências e limitações, e que quer nos atrair para si, vem cantar conosco, através do seu Espírito de Amor, as nossas reais necessidades.
Ele nos presenteia com o mantra ou a jaculatória de que precisamos para desligarmos nossas amarras e nos achegarmos mais depressa a Ele, porque o Amor tem sempre muita pressa de amar.
Por isso, essa inspiração divina age em nós gratuitamente, e vem até nós nesse encontro melodioso e simples, para cantar os sons e palavras de acalanto e abertura da nossa alma.
E ninguém melhor do que o Espirito de Deus para operar em nós aquilo que nós não compreendemos, e manifestar em nós aquilo que realmente necessitamos.
Em Romanos 8:26-27, conhecemos a manifestação desse amor: “Da mesma forma, o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.
E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus”.
Assim, ao mesmo tempo em que o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis, ele deposita em nossas mentes e corações o mantra ou a jaculatória que nos desarma, e nos faz chegar a Deus com consolo, piedade e humildade.
Na minha experiência de oração, muitas vezes, eu acordava de manhã cedo com um louvor na mente tão intenso e repetitivo, que parecia ofuscar todos os demais sons musicais.
Aquilo ia se prolongando durante o dia até que em algum momento, fazia todo o sentido. Então, eu percebia que aquele mantra, ou jaculatória, era a força e proteção que eu precisava para poder atravessar aquela situação sem maiores dificuldades.
Esse mantra já estava escolhido pelo Espírito de Deus para me conduzir com ciência, sabedoria e humildade nas dificuldades a serem enfrentadas.
Durante muito tempo, eu vivi essa experiência sem me aperceber do cuidado e zelo que o Senhor tem por cada um de nós.
É Ele quem nos escolhe e nos revela seus louvores para o suprimento das nossas necessidades, porque o Senhor nos conhece desde sempre e sabe de tudo o que carecemos no nosso caminho de vida.
Como diz o texto do profeta Isaías 139:16: “Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro, foram escritos os meus dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando não havia nenhum deles”.
Após esses momentos introdutórios de louvor, podemos, por fim, nos abandonar nos braços do Pai, como em profundo descanso, e silenciar a nossa alma, na certeza de sermos acolhidos pelo Amor.
R.C.F.
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