Pregado na cruz, na última gota de sangue, entregou seu Espírito, o Filho de Deus! Chorava a mãe Maria aos pés do filho exangue, exausta das blasfêmias, dos cegos ateus.
A carne santa, agudos cravos perfuraram: As alvas mãos que trouxeram os pães do céu; os santos pés que em áridos chãos palmilharam. E para coibir as dores, deram-lhe fel.
Na imolação da cruz, rogava ao Pai de amor: “-Perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem.” Na excelsa compaixão dos seres em torpor, tal como as moscas, que em sangue se comprazem.
E a cega multidão num desvario insano, de alterados gritos, sonâmbulos, sem luz!... Bebia às bordas da cruz, o lodo mundano; e açoitavam línguas, qual chicote na cruz.
No gólgota, posto entre dois ladrões ateus. Mesmo em agonia, luziu sua virtude. Deu luz àquele que O viu: O Filho de Deus! Deu esperança da outra vida em magnitude.
No último suspiro, da crucificação, a terra mergulhou nas trevas e no horror. O sangue aspergido, haurido do coração, fora o sagrado emblema do perfeito amor.
José Luiz da Luz in
À luz da poesia
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