pombo

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

OS INSTRUMENTOS DA PERFEIÇÃO






Naquela noite, Simão Pedro trazia à conversação o espírito ralado por extremo desgosto. Agastara-se com parentes descriteriosos e rudes.

Velho tio acusara-o de dilapidador dos bens da família e um primo ameaçara esbofeteá-lo na via pública. Guardava, por isso, o semblante carregado e austero.

Quando o Mestre leu algumas frases dos Sagrados Escritos, o pescador desabafou. Descreveu o conflito com a parentela e Jesus o ouviu em silêncio. Ao término do longo relatório afetivo, indagou o Senhor:

— E que fizeste, Simão, ante as arremetidas dos familiares incompreensivos?

— Sem dúvida, reagi como devia! — respondeu o apóstolo, veemente. — Coloquei cada um no lugar próprio. Anunciei, sem rebuços, as más qualidades de que são portadores. Provei, perante numerosa assistência, que ambos são hipócritas, e não me arrependi do que fiz.

O Mestre refletiu por minutos longos e falou, compassivo:

— Pedro, que faz um carpinteiro na construção de uma casa?

— Naturalmente, trabalha — redarguiu o interpelado, irritadiço.

— Com quê? — tornou o Amigo Celeste, bem-humorado.

— Usando ferramentas.

Após a resposta breve de Simão, o Cristo continuou:

— As pessoas com as quais nascemos e vivemos na Terra são os primeiros e mais importantes instrumentos que recebemos do Pai, para a edificação do Reino do Céu em nós mesmos.

O Pai nos concede os problemas da vida, de acordo com a nossa capacidade de lhes dar solução.

Ao homem foram concedidas tarefas de amor e humildade na ação inteligente e constante para o bem comum, a fim de que a paz e a felicidade não sejam mitos na Terra.

Em todas as ocasiões, o ignorante representa para nós um campo de benemerência espiritual; o mau é desafio que nos põe a bondade à prova; o ingrato é um meio de exercitarmos o perdão; o doente é uma lição à nossa capacidade de socorrer.

Aquele que bem se conduz, em nome do Pai, junto de familiares endurecidos ou indiferentes, prepara-se com rapidez para a glória do serviço à Humanidade, porque, se a paciência aprimora a vida, o tempo tudo transforma.

Talvez porque Pedro tivesse ainda os olhos indagadores, acrescentou Jesus, serenamente:

— Se não ajudamos ao necessitado de perto, como auxiliaremos os aflitos, de longe? Se não amamos o irmão que respira conosco os mesmos ares, como nos consagraremos ao Pai que se encontra no Céu?

Depois destas perguntas, pairou na modesta sala de Cafarnaum expressivo silêncio que ninguém ousou interromper.


(Do livro “Jesus no Lar”, 
Chico Xavier / Emmanuel)


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4 comentários:

  1. Olá,
    "EU SOU"...
    Nós somos... porque EU SOU nos concede a graça...
    Tenha paz e alegria!!!
    Abraços fraternos

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  2. Meru,
    Linda esta poesia. Temos que caminhar. O caminho é infinito e muito já deixamos para trás. O tempo, o agora é o que nos move. Gostei quando diz:

    E como aqui reina a tridade
    Eu também sou para sempre.

    Obrigado pela sua vista ao meu blog.
    Deixei uma resposta lá, e vim lhe visitar.
    UM abraço.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Qi Élys e Rosélia.

    Sei que é tarde, mas melhor tarde que nunca. Mais um que só agora vi perdoe-me por não tê-lo respondido antes!

    Quando deixamos os comentários livres acontece isso, alguém comenta e não percebemos.

    Grata por suas lindas palavras, sempre tão gentis e além do que mereço.

    Que vocês voltem, pois são sempre bem vindos.

    Beijos, com carinho.

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