pombo

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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Senhor Jesus da Piedade!






“O Senhor da Piedade
Tem 24 janelas”
Fosse eu pomba, tivesse asas,
Que pousaria na Cruz
Porque fica acima delas.

Ás vezes, apetecia-me falar de Amor
do segredo de ser
da paz de quem se dá
e se reencontra limpo e renovado
que o Amor purifica e recria
com a força duma aurora
que da noite rasga o dia…

Ás vezes, apetecia-me falar de Amor
como o pressinto e sei
procura de perfeição
que se suspeita e sente
no dia a dia imperfeito
da condição de ser gente…

Às vezes, apetecia-me falar de Amor
amor que de si nos solta
e permite dizer; - “eu”
encarar o mundo em volta
chamar: “vida” – “minha vida”
à viagem de regresso
a esse Amor do começo
que foi ponto de partida…

Às vezes, apetecia-me falar de Amor
olhando a crista da onda
alta, bela, transparente,
imponente, tenebrosa
e dizer-lhe intimamente
com a inocência da rosa
ou a força da semente
sem palavras

( na cósmica cumplicidade
de me saber – nada –
e saber-me – eternidade )
olá, água! – olá, apenas água!
Vês?
Só na praia, como espuma,
Descansam vidas e marés

Às vezes, apetecia-me falar de Amor
sendo diferente
mas ajoelho, rezo o Teu nome bendito
- Senhor Jesus da Piedade!
- Senhor Jesus da Piedade!

Rezo e repito:

- Senhor Jesus da Piedade!
e só assim – tudo está dito.


Maria José Rijo


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